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Arquitetos: BCQ Arquitectura, Toni Casamor
- Área: 5168 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Toni Casamor
Descrição enviada pela equipe de projeto. A nova biblioteca foi construída na mesma implantação onde, 30 anos antes, ocorreu um ataque terrorista no qual 10 pessoas morreram. Este evento, traumático para a cidade de Vic, é também a origem da iniciativa, pois a cidade quis dedicar este espaço à construção de uma nova biblioteca como uma instalação que representa os valores da cultura, da integração social e da tolerância.
Trata-se de um edifício simpático que recua do alinhamento da rua na esquina e se desenvolve em forma de "L" em torno de um jardim aberto para a cidade que, além de ser um espaço de descanso e leitura ao ar livre, foi concebido como um espaço memorial, onde crescem 10 árvores, uma para cada vítima do atentado.
As fachadas se diferenciam entre os volumes laterais, que estão integrados com as fachadas urbanas dos edifícios vizinhos, e a fachada voltada para o jardim, que foi resolvida a partir de uma estrutura de grandes ripas verticais de madeira que filtram a luz, articulam a relação entre o lado de dentro e o de fora, e protegem as salas de leitura do sol direto à tarde. A articulação dos volumes responde ao objetivo de diferenciar os espaços dentro da biblioteca e criar salas com uma dimensão doméstica para garantir a tranquilidade e o conforto dos usuários.
Todos os espaços de leitura são orientados para o jardim, cuja inclinação também permite que o piso inferior, semi-enterrado, se abra para fora, melhorando sua qualidade espacial e permitindo que este pavimento tenha acesso independente, o que garante grande flexibilidade de uso aos serviços da nova instalação.
A entrada principal se dá a partir da subida por uma rampa tangencial ao jardim e dá acesso ao piso onde estão integrados o saguão principal, o espaço infantil, a área de revistas e o bar-restaurante. Os interiores foram concebidos como uma sucessão de espaços que possibilitam não apenas a leitura, mas também todo o conjunto de atividades cívicas, recreativas, culturais e educacionais que acontecem no centro.
A articulação dos volumes permite que uma das coberturas, acessível diretamente das salas de leitura, seja transformada em um terraço e espaço de leitura ao ar livre.
A iluminação interna noturna dos espaços contribui para a compartimentação transversal dos espaços através de grandes lâmpadas horizontais cujas superfícies apresentam a imagem do papiro, o primeiro meio de escrita no Mediterrâneo Oriental. Cada uma das telas inclui uma inscrição em um dos alfabetos ou sistemas de escrita existentes no mundo. Na sala superior, o mirante, de frente para os telhados da cidade, revela o significado da inscrição: O conhecimento ilumina a vida.